Introdução
Neste artigo, abordaremos o tema das subluxações de costelas e examinaremos a controvérsia em torno dessa condição. Embora muitos profissionais de saúde afirmem que as subluxações de costelas são comuns e que podem ser tratadas com manipulações, a existência dessa condição é questionada devido à falta de evidências científicas. Vamos explorar as informações disponíveis e discutir uma abordagem alternativa para o tratamento de dores torácicas localizadas.
O que são subluxações de costelas?
O termo "subluxação" é um termo médico que significa uma deslocação parcial. Uma "subluxação de costela" é, portanto, uma deslocação parcial de uma costela, geralmente descrita como ocorrendo nas articulações costo-vertebrais (CV) e/ou costo-transversais (CTr). Vários profissionais de saúde descreveram as subluxações de costelas em detalhes e afirmam que essa condição é comum em pacientes com dor torácica unilateral localizada. Diferentes métodos de terapias manuais para identificar e tratar costelas torcidas ou subluxadas foram descritos por osteopatas, quiropráticos, fisioterapeutas e massoterapeutas.
A controvérsia em torno das subluxações de costelas
Apesar das alegações de que as subluxações de costelas são comuns, a existência dessa condição ainda é bastante controversa. Até o momento, não há evidências radiológicas que comprovem que as articulações CV e CTr realmente "saem do lugar". Além disso, não há estudos que demonstrem de forma confiável que uma subluxação de costela possa ser diagnosticada por palpação manual ou que a manipulação das costelas possa fazer com que elas "voltem ao lugar".
Uma busca no PubMed por "subluxação de costela" revela apenas um artigo discutindo um estudo de caso muito específico de um único paciente que sofreu um trauma torácico superior grave e apresentou uma subluxação superior da primeira costela, conforme visto em uma tomografia computadorizada Considerando o quão comuns as subluxações de costelas são alegadas ser, certamente esperaríamos mais do que apenas um estudo de caso de um único paciente em toda a pesquisa médica. Uma busca no PubMed por "deslocamentos de costela" também não mostra nenhum estudo demonstrando que uma costela humana pode se deslocar. Por outro lado, uma busca no PubMed por "fraturas de costela" produz centenas de artigos sobre essa condição, abordando desde achados radiológicos até opções de tratamento conservador.
Explicação alternativa para a sensação de costelas "fora do lugar"
Uma explicação para a sensação de costelas "fora do lugar" pode ser que os ligamentos costo-transversais, inter-transversais e radiados (costovertebrais), assim como todos os outros ligamentos de suporte, possam sofrer uma distensão quando estressados. Uma distensão local dos ligamentos após um trauma maior ou menor (como um espirro ou uma torção súbita) pode resultar em inflamação local e espasmos musculares protetores dos músculos locais relativamente pequenos, como os multifídeos, rotadores e levatores costais, que estão simplesmente tentando estabilizar as articulações CV e CTr distendidas. Esse aumento do tônus muscular protetor pode explicar a sensação de um "inchaço" na área da dor, que é assumido como sendo a cabeça de uma costela subluxada. Talvez as várias técnicas de tecido mole, mobilizações e manipulações tenham o efeito de reduzir o tônus protetor desses músculos. Uma vez que o espasmo muscular e a inflamação local são reduzidos, o "inchaço" percebido sobre a região CV também é reduzido e o paciente relata uma redução dos sintomas ao girar o tronco e respirar.
Uma abordagem alternativa para o tratamento de dores torácicas
Uma técnica que tem sido relatada como bem-sucedida no tratamento de pacientes com distensões de costelas é a mobilização com movimento (MWM) proposta por Brian Mulligan. Com o paciente sentado, ele é solicitado a girar o tronco na direção que produz a dor localizada na costela e retornar à posição neutra. A amplitude de movimento (ADM) e o nível de dor são avaliados.
Uma tração cranial é aplicada sobre a parte lateral da costela acima da região dolorosa. Enquanto essa elevação/descarga da costela é mantida, o paciente é solicitado a girar novamente enquanto a ADM e a dor são avaliadas novamente. Se não houver alteração, a técnica é repetida em uma costela acima ou abaixo. Se a MWM em uma costela em um nível específico for capaz de reduzir ou eliminar a dor, ela é repetida 10 vezes.
Um programa domiciliar de auto-MWM pode ser fornecido, embora seja desconfortável para alguns pacientes realizarem sozinhos. Além disso, o uso de fitas adesivas nas costelas às vezes proporciona alívio temporário. Para decidir a localização e a direção da fita adesiva, é aplicada uma força de compressão superior manualmente através da região póstero-lateral da caixa torácica. Em seguida, pede-se ao paciente que respire fundo ou gire. Se o paciente notar uma melhora significativa nos sintomas, a fita adesiva é aplicada nesse nível.
Conclusão
As subluxações de costelas têm sido descritas, identificadas e tratadas há mais de cem anos, mas ainda há uma falta de evidências científicas que comprovem a existência dessa condição. Talvez como profissionais de saúde, devamos abraçar as evidências e não instilar medo nos pacientes descrevendo suas costelas como "saindo do lugar" ou "subluxadas", mas sim descrever a mesma condição como costelas simplesmente distendidas. Essa abordagem é mais próxima da verdade, mais tranquilizadora para o paciente e, inevitavelmente, melhor para sua recuperação, que é o objetivo de todos os profissionais de saúde.
Esperamos que este artigo tenha fornecido informações úteis sobre as subluxações de costelas e uma abordagem alternativa para o tratamento de dores torácicas localizadas. Lembre-se de sempre consultar um profissional de saúde qualificado para obter um diagnóstico preciso e um plano de tratamento adequado.